quarta-feira, 31 de julho de 2013

O cotidiano do quintal


Joguei minhas rimas no quintal
E elas resvalaram para o fogo
Que aturde a paz morna e vegetal

Das coisas que rastejavam; -Bestial
Era o silêncio das lesmas em jogo
Perante o sal sádico e jogral,

Espargindo-se na vigília receosa
Da erva hesitante e daninha,
A contrastar perante a andorinha
Que esvoaça livre e ambiciosa.

Quantos caracóis, no vão da escada
Criaram suas emoções viscosas
No chão, de forma tão despreocupada?
-A luz que não se explica desce rançosa;

O musgo soletrava as minhas vogais
Com um sotaque liquenoso e rampeiro 
E as formigas me colhiam consoantes inteiras,

Com o ar contábil dos economistas, 
Pois estas sim sabem o quanto é mista,
A vida composta só de luz e escuridão.

Sem noção de meridiano as moscas vão às frutas
Como executivos apressados vão a sua labuta
E as horas, perplexas, são bebidas por este fluxo 

Sem fim de inúmeras gentes atarefadas
Em seu mundo diminuto e sem constelações
Cada um à sua maneira, sem precisar de procurações

Para a partilha das folhas que são levadas
Pela brisa que me rouba o sonho não sonhado
E joga no horizonte mais rimas não rimadas.

By: Bruno

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