quinta-feira, 11 de julho de 2013

Intoxicação


Com seus olhos, me você me intoxicou,
Minha doce flor de olhos venenosos
Em seus detalhes, me alinhavo em emboscadas,
Minha proteção suicidamente se desenlaçou

Desaguando em sentimentos coloridos,
O desejo de um voar intrépido e ansioso
Demarca pulsações deliberadamente improvisadas
O mau costume das pétalas molhadas e atrevidas

Se mescla ao meu de brincar de pintar vocábulos
Em orações em formato de flores estranhas
Que só encontram morada nas desenhadas montanhas 
Da paixão, como seus insondáveis tabernáculos.

Meu sonho infinito de melodia sonâmbula 
Une-se à translucidez da raiz que se afirma
Sem dimensão dentro da terra sanguínea,
Nem enleio dentro da minha imaginação espireínea

Me acometendo de uma febre líquida e incerta,
Abalando minha química suscetível e aberta
E convulsionando os meus antes,
-Não consigo mais localizar os meus depois

Naveguei sem caravela de blues em blues
Procurando razão nestas equações marítimas
Em que me perco mesmo tão ritmadas
Quanto as ondas dos mares mais azuis

Que imaginei serem azuis, mas eram acastanhados
Como um grande pinheiral amadeirado
Banhado pelo deslimite imaginário
Do céu moldado pelo solar carcerário

Que dita o ardiloso frio desses dias 
Com os raios nômades de sua carne celeste
Misturados à vertigem da linguagem,
-Ai como as letras são arredias

Quando o assunto é o amor,
As coisas entalham-se na inspiração,
Remexem-se amorfas na respiração
E regozijam na tão temida dor

Mas os sons, não são tão ardidos
Para quem os vê tão quietinhos
Dentro de seus moucos bramidos
Soando latentes e bonitinhos

Suplicando o amor desejado
Do qual me sinto intoxicado
Desejando o que não se pode legendar
E o que se tenta em vão, desmistificar

Remetendo à uma dialética diferente
Que não trata tão somente do ente
E que também coexiste reciprocamente;
E sabem como ninguém, como esta mente!

E blefa e queima tanto na lágrima quanto na vida;
Nas memórias e nas eternais cicatrizes
É um andar incerto numa movimentada avenida,
É deduzir os transeuntes, solitariamente felizes!

Nalguma pincelada, talvez soe como revelia
Os traços de pós-modernidade rumorando miragens
Sob a desnudez do tempo, em alguma estalagem
Os delineios de seu corpo, eu veementemente lia

E que represavam meus incêndios futuros 
Ou talvez passados, algo alumiado
Entre o há-de-haver e o havido, anestesiado
Pelas visões que eu ludicamente conjuro

E que seguindo o sangrar módico
Apagam-se sob ventos breves
E tão já remediados, são tão leves
Que nem fecha mais seus olhos metódicos

Range o século nas costelas,
Como reza o coração, a famosa,
Fatídica e aclamada oração,
Pura pulsação, labareda sem cautela

Ferrovia que perpassa meu crânio
E projeta meu sonho sob o amanhecido 
Clarim, um fetiche bem conhecido
Pelas mudas desavergonhadas dos gerânios

Que retificam tal boba proeminência
Que jurou ser uma reminiscência
E que eu teimei serem novas,
Posto que os sentimentos sempre se renovam!

By: Bruno

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