Nos tachos que aprisionam os traços de lágrimas que não caíram
Me dissocio da compreensão das dimensões, que em melodia
Me carregam a percorrer suas superfícies trementes com os dedos
Na tentativa de colher a fermentação das matizes escuras que me delicadamente
Envolveram, corrompendo minha nauseante pureza, minha febril fraqueza, até que eu desvisse completamente a realidade.
Com isso, pude ver o delirioso sonho dos lírios, que desejavam atingir a brancura suprema;
Que é só atingida pela serenidade da neve montanhesa, onde ainda há casas de madeira, incomunicáveis em meio às nevascas e aos animais bravios que lá habitam
Eu ouvi, arrepiadíssimo o grito boreal das verdades fonéticas das palavras, elas
não querem mais habitar os papéis, as escrituras, os ofícios, elas desejam muito ser pintadas como sons, elas querem escorrer para fora das folhas sujas dos
cadernos dos adolescentes, enjoadas de garranchos e temerosas das borrachas
das professoras irritadas, à alquimia devem ser devolvidas, ao místico caldeirão da retórica lírica, e certamente às cordas vocais dos bardos de outrora...
1,2,3 testando, it's working, guys!
Junto ao cadáver dos deuses Sumérios, há o milagre da multiplicação dos números, delinquentes vapores das álgebras a nos murmurar tecnologias estranhas, a escolha da morte já estava traçada, só precisamos de robôs que façam isso por nós!
O que falar das visões das vísceras pentecostais? Ruínas vivas e arcanas a decantar a profusão mística nas almas numéricas e consonantais. Ruminando
signos e símbolos crucificados pelo tempo nas dimensões terrenas...
Foi muito antes dos pássaros que aprendemos a cantar, mas a dadivosa harmonia não nos foi simplesmente dada, o mérito nunca nasceu conosco, teve de ser arrancado das penas e colocadas nas harpas das musas nos dias de luares ternos, correspondentes à ternura falsa dos das tumbas das mitologias passadas...
Trè bien, ao bolero das mágoas, ao fado das águas devo a fermentação das
superfícies inconstantes dos meus epitélios, já intocáveis agora nesta dimensão,
onde corvos poisam nos galhos do oceano, à espreita de tubarões de sentimentos que os levarão à turbilhões de realidade massificada e pronta para consumo, é só abrir a lata de cerveja e esperar. As cidades dos desejos e as capelas da mocidade serão engolidas aqui.
Sereias e tritões se envolvem passionalmente nos alcoois deste oceano molhando os segredos incontestáveis de todas as criaturas místicas já sonhadas por crianças presas em casa por mães que mais se divertem do que se esforçam nos ladrilhos da vida...
Sinos oriundos das estrelas, na estação central dessa viagem me dizem que os dias não foram vividos, eles que me viveram, e confirmo aqui o agravamento da
síndrome da inversão, doença que me acomete fortemente o pensamento, não
posso mais reconhecer a minha compleição física, ela, como todas as outras
cousas, já é outra e agora no tecer desta palavra, outra ainda! A minha natural rixa é com a eternidade que cromatiza o teor dos meus versos, que amedronta as nódoas de poesia da minha vida...
Na terra dos arabescos, a bruta representação do tempo é uma figura amniótica,
afeiçoada com o desperdício das horas que ficam espantadíssimas com o mover
rápido dos ponteiros biológicos da vida, que se vai, que se vem, mas nunca se
esvai, num ciclo interminável, ouroborismo irrefutável, magnético transformismo da matéria que nega o vazio, se torna o vazio, corrompe a ideia de vazio, preenchendo-o feito revistinha de colorir...
Aqui, na finitude de todas as finitudes, onde os solstícios se misturam com os
equinócios e brincam de ser uma coisa nem outra, me percebo, me encaminho,
também sou equinócio, solstício, uma coisa e outra, nem uma coisa nem outra,
porquê uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa! Tanta coisa, tantas
vezes coisa quanto se pode ser, e também, o prazer de não ser nenhuma! Eis o mito da dimensionalidade do símbolo. A fenotipicidade arquetípica toma outros rumos mansamente ao tocar tal gleba fértil das imaginações.
By: Bruno
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