Os fígados doentes contemplam
Como um fantasma que pertence a uma casa
Junto à natureza morta convulcionam
A angústia em pseudônimos tumulares
Contrastando este ar alienado, eu penso
Como poucos, de fígado morto me resta o senso
Numa sucessão inconstante de segundos
Soluços imprecisos revigoram-se profundos
Nos traumas que mantém as almas rudimentares
E mais profundamente, nos fatos sociais
Durkheim não previu que o spleen
Soltasse o berro fúnebre, como os chacais
Anunciadores dos festins carniceiros
Sob um raciocínio então, muito obscuro
Nos alumia na hora da morte, em qualquer breve futuro
A natureza irrompendo em algazarra
O aglomerado de vida e morte do cosmos
Sinfonia tão abrasante e bizarra
Minha hemoglobina ébria e aquosa
Mantém o micropoder da minh'alma
Saciada mas ainda por vezes chorosa
O tilitar dos ossos em seus cadáveres
Incorresponde ao odor desaparecido
De suas carnes e de seus caráteres
Nesta hora em que talvez fossem lembrados
Por uma ou outra benesse
Que em vida lhe foram negados
Contudo meus olhos sempre distinguiram
A putrecível diferença entre nós e os animais
Eles, simplórios, mas que suas almas sempre progrediram
Surpreendo-me que os bilhões de corpos vivos
Somente existem da contração dos gritos
Dos oprimíveis e dos repudiáveis sofrimentos abortivos!
Nós.
By: Bruno
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