sábado, 19 de maio de 2012

Balada Múltipla


Nas imagens corridas
Nas palavras partidas
Na fumaça que nos lacrimeja
E até nos vitrais de igreja
Está talvez a paz, para quem a deseja

Arrancando do olho um cisco
Na contracapa de um disco
Nas vozes dos corais
E nas notícias dos jornais
Estão as recordações sazonais

Nos casais impregnados
- De amor
Nos olhares fustigados
- Do desolador
Desamparo ou da má sorte

Há este silêncio de além
A volúpia das lassidões;
O pousar da mão 
Do torpor da redenção

Nos vultos que revivem o passado
Nas orações que evocam a tradição
Mesmo nos rituais que repelem a maldição
Estão os espasmos de esperança fustigados

As lágrimas dos cansados
Os olhares sem vida dos caídos
O azul do grande sonho indeferido
Fazem dos poucos escolhidos, alucinados

E eu... Nunca vi as nuvens sorrirem
Através de um arco íris luminoso
Por entre os ventos ásperos e impiedosos
Eu... Nunca vi as esperas se serzirem...

By: Bruno

2 comentários:

  1. Sempre impactante e revelador, pelo menos pra mim... "Nos vultos que revivem o passado". E revivem sempre... Parece que nunca irá parar, um dia, quem sabe, isso acontece.
    Lindo, Bruno!

    Beijos

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  2. Nos versos, nas lágrimas, no passado que insiste em ser presente, nas dores que se recusam a cicatrizar...

    Eu também nunca vi nuvens sorrirem, mas tenho uma fé que me cega e me empurra sempre adiante.

    Um beijo doce da tua amiga e fã.

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