sábado, 19 de julho de 2014

Andarilho


Nas trôpegas agruras que assolam a alma
O real mancha-se incognoscivo
Produzindo nos suspiros de cor alva
A agonia dos químicos nocivos

Doces dores tornam os Sóis salobros
Ao gosto do passar dos dias
Enquanto os peitos que bramiam
Em gaiolas ósseas tornam-se escombros,

Portando ainda os desejos cínicos
Dos sonhos desmanchados em alforria
Nos Tantálicos devaneios corroendo os físicos
Lumiares da lide qu' enfraquecida, se angustia.

O quadro de aflições se pinta decadente
Enquanto eu, almejando roubar a luz
Do sol que desponta, na indecente
Insônia que me obriga a fugir da cruz

Seguindo como Mefisto, contratando 
A grandeza da queda das estrelas 
A lidar com a eternidade que, me esmagando
Me faz rebelar contra, dos meus ideais, as Capelas

Das ambições; improfícuas historinhas
Fugazes como as medrosas fuinhas 
A compor os favos dos versos
Que se debruçam em depoimentos belos

Cerzindo com linha desconhecida
A vida unida à poesia que sigo,
Alheia ao relógio que, entristecido
Demarca o meu transcorrer indefinido

Como um Nauta, procurando no infindo
Oceano das ideias o vernáculo certo
Desbravando da tempestade o enxerto
Que suplantará a lacuna de absinto

Que surge entre as fortes dores
Do autoconhecimento, convalência
Dos eus em múltipla convergência
Formando o matiz das únicas cores

Que povoam meu corpo, alegorizando
A algazarra interna, a infâmia mental
Demonstrando o medo total
De ter o futuro prometido, agonizando;

Posto já estar por aí vagando  
E não encontrar réquiem para pousar
Jeito é continuar andando
E ter os enigmas na cabeça a vozear.

By: Bruno

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