Eu vou dançar sobre toda a dor!
Raíla Barreto
A Terra cessa de girar para que você dance
Entre sombra e claridade, no sublime transe
Do silêncio astral, melodia onde eclodem
As inspirações efêmeras que, no corpo tremem
Assumindo a forma dos fenômenos que se sublevam
Fazendo os séculos transformarem-se em um instante
No corpo, planeta na alma imóvel, onde se revelam
Os infinitos, de forma tão simples e ondeante
Como o visitar de vagas lembranças
Guardadas nas rodas da história
Dos homens comuns e sem glória
Cujas vidas inúmeras guardam manchas
As mesmas manchas que seu corpo
Cheio de fins e começos, secreto
Como um mundo de labaredas, repleto
De ardores e crepitações, mesmo morbo
Inaugura a máquina das eternidades
Como um símbolo caído no inédito
Fazendo o sofrimento não dito
Sob seus pés, fabular as imensidades
Que divisam os sonhos e a memória
Entre força e elegância, traço a traço
No olhar que cria o mito baço
Do movimento da realidade transitória
Seu mito me embriaga e minh'alma, sacio
Mergulhando nas suas lágrimas, tenro rio
De ondas que a dor traduzida na dança
Resguarda no olhar que você lança
Ao mundo que a vê e inerte, deplora
Sem compreender da dança, a maravilha
Tão viva e misteriosa quanto o agora,
De ter a lágrima da mesma cor da sapatilha!
By: Bruno
Caro Poeta Bruno,
ResponderExcluirLi algumas vezes "Pés de Bailarina".
Minha melhor acolhida, quero dizer aquela que mais me satisfaz, pertence aos trechos:
(1) "A Terra cessa de girar para que você dance"
(2) "...corpo
Cheio de fins e começos, secreto
Como um mundo de labaredas,..."
(3) "De ter a lágrima da mesma cor da sapatilha!"
Esse último verso "De ter a lágrima da mesma cor da sapatilha!" parece saído de um só fio de uma única meada do verso de abertura "Eu vou dançar sobre toda a dor" (Raila Barreto)..
Acho bela essa união das palavras do verso de antes do começo (Raila) até o verso de depois do fim (Bruno)..
É o que me atrevo a dizer. Sou leitora insuficiente e pouca da poesia. Lamento!
Abraços,
Cibele