terça-feira, 20 de março de 2012

Quando fecho os olhos nestes dias vagarosos


Você empurrou para longe os espinhos que bloqueavam a luz
Que caíram em forma de pétalas sob os seus pés descalços
Enquanto a chuva se tornava uma névoa e transbordava manchando o horizonte
Eu sou um espelho, refletindo a flor da noite perdida na luz dos dias solitários
Ziguezagueando por uma estrada repleta de nomes que não tem donos
E conforme meus passos se apressam, um a um eles vão desvanecendo

O sol gentil sob os arvoredos é um cenário que sempre sorri do mesmo modo para mim
Não importanto se o canto dos pássaros diferem em algumas notas
Eu por vezes escuto o agudo da sua voz entremeando as tristes marcas que fincaram em meu [coração distorcido
Onde as flores estão enterradas no mar em ruínas, insonoramente amassadas
Eu me pergunto, vivendo imerso nesses dias vagarosos
Eu sorrirei ao lembrar destas memórias macias?
A resposta adormecida não pode ser acordada agora
Como um pardal cansado do alvoroço de seu cotidiano
Que acorrenta-se a um galho e só desperta de seus sonhos
Se não tiver caído do galho ao som das avenidas e dos passos

Mesmo que essa nódoa de poesia seja uma paisagem imaginada e fustigada pelo vento
Eu não o cobrirei de nomes dos quais me encantariam momentaneamente
Eu cobrirei dos seus doces silêncios que estejam cobertos com o meu sangue
O meu pranto, deixado nas mãos das noites incertas que vivo
Formam suas imagens vivas dentro de um despertar inspirado no cotidiano
E então eu caminho olhando para um sol pesado demais para meus olhos
Não apenas por mim mais, mas por sua visão salpicada de nervosismo
E carrego a única certeza de que você não leria tudo isso que lhe escrevo.
Assim como não olha nos meus olhos nas manhãs bem aventuradas
Assim como nem sei se você é a real incerteza dos meus sentidos
Ou se você é a mentira que colore meus olhos diariamente.

By: Bruno

Um comentário:

  1. "Assim como nem sei se você é a real incerteza dos meus sentidos
    Ou se você é a mentira que colore meus olhos diariamente."

    Apaixonante!
    Seu texto é simplesmente lindo. Como amo vir aqui e ler esses versos que você compõe de formar tão calma e ao mesmo tempo agressiva. Adoro, de paixão mesmo, tudo o que é sombrio, e talvez um certo ar de melancolia que flui de cada letra me encanta ainda mais.

    Parabéns e continue nos presenteando com sua arte.

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