Safo com intenções de deflorar a própria carne
Soluçando secretamente os partidos desejos
Somente em sonhos via realizados seus profundos arquejos
Incapaz de verter as algemas da singular solitude em seu escarne
De pálpebras abatidas porém vivas
Sempre retira suas culpas através de seu martírio
Mascarando com um sorriso tensões excessivas
E em seu leito acalentado com a sedução dos lírios;
Regozija enquanto as visões misteriosas do mar
São os delírios mais indulgentes do pensamento humano
Safo não consegue separar-se dos mornos palores mundanos
Sombreando-se da tradição blásfema, seu sustento, sonhar
Safo contaminada como uma maçã mordida
Sob os lençóis a ruminar o desejo imoral
Todos os dias levanta-se com um luto descomunal
Lamenta não poder entregar seu coração ferido
Aos suplícios implora a uma Vênus indiferente
E esta sabe que Safo deseja até mesmo seu corpo ideal e ardente
Mas nenhum Deus diante do desprezível se torna clemente,
Olhando do céu com um riso debochado e indiferente!
A volúpia, o coração, naufragam cínicos porém purpurados
Quando notaram-se distantes daqueles paraísos perfumados
Que poderiam alcançar mesmo tristes, mesmo artificiais
Pobre Safo de desejos fracassados e superficiais.
Safo com intenções de deflorar a própria carne
Salva em sua imortalidade culposa
Resume-se em adorar letárgica as desejosas
E vastas ancas das hetairais
Na lassidão quente do eterno reencarne.
By: Bruno
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