Nalguma parede de um hospital abandonado
Encontra-se um cansado crucifixo bruscamente
Por orações e por prantos incessantes atormentado
Olvidado ao desespero e corrupção simplesmente
Almas desgraçadas seu sudário roubaram
Em busca de uma gota de luz que temperaria
O sabá tão esperado e que nunca os reviveria
Porém eles nem sabem que morreram
Apenas continuando suas súplicas
Sua faminta obcessão como borboletas a flamejar
Sob o êxtase, o grito, o choro a ecoar
Naqueles corredores em ardentes soluços
As aves mortas cantam umas canções bastardas
Que os distrai e que ao pequeno crucifixo
É de alguma forma um pequeno capricho
Representando a alucinação das coisas há muito tempo ignoradas
Este abismo tão cheio de estórias e blasfêmias sem fim
Por entre estes muros onde não houve nunca a luz
São para o peito humano um ópio e um florim
O mais negro spleen rompendo da morte todos os tabus
Goya* aos pés da eternidade;
É tão invejado pela forma como alimentou
Saturno com suas crianças, com tanta dignidade!
Até que o último pavor suspiroso findou!
Goya: Pintor do quadro "Saturno devorando seu filho.
By: Bruno
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