Tingindo num instante os ritmos lentos no clarão dos dias
Galhos secos compõem toda a pontuação e as vírgulas
Enquanto tento montar perfeitamente com asinhas de muitas libélulas
Junto a um bom cálice a escorrer na garganta velhas rebeldias
E com a folhagem seca teço um estojo verde de ouro manchado
Debaixo de esplêndidas flores onde o amor dorme
Onde essa pequena busca finda e se recolhe
Reconheço que estas luzes são um bom bordado
A acrescentar aos murmúrios surdos que despertam
Como pensamentos desgarrados pelo violino
Ao som do álcool mergulhado no verso paladino
Estalando aos céus cujos soluços as florestas adoçam
O horizonte corrompido por luzes elétricas
Adormecem os hipocampos que imóveis adornam-se
Delirantes vogais do subconsciente com tendências assimétricas
Até que o amargor do sol extermina a torpeza embriagante
Com que o amigo atroz da lua, Hipnos, tratou de perfumar o sono
Reconheço as manchas de vinho verde no alambrado que percorro
Levando o orgulho dos horrores místicos na melodia do verso entoteante
Ao infame sonho de portas pretas que guardam as velharias
Dos muros com florações leprosas por quais ao ranger
Coloco minhas mãos langorosamente, em busca das calmarias
Da gentil aspereza e dos pequenos astros mesclados a colher
Assim como a carne das mordiscadas maçãs
Deles sem lamentar; a liquidez do tempo
Que se esvai banalmente por incuriosidades vãs
Então vê que as trevas são elas próprias as telas
Onde são pintados os destinos mais desastrosos
Com sons indistintos a ecoar pelas capelas.
*Hipnos: Deus grego do sono.
By: Bruno