Um punhado de luz e um pouco de trevas
É tudo que se espera em um canto escuro
E é tudo que se guarda na salobra penumbra
Onde dualidades se encontram mas não se chocam
Ao me encolher, me resumo
Querendo do muito que somos, um pouco
O suficiente para ser eu, encolhido
Em um canto do quarto
Como um punhado de palavras
Soletradas em um rascunho esquecido
Áridas, as horas me adentram o ouvido
Perpetrando a minha condição de recolhido
Entre tantas audácias, nenhuma requerida agora
Entenderia a maior delas, - a cáustica ideia
Que me dilacera feito o deglutir de um velho vinho
Quebrar minhas imagens - E viver de meus segredos
Ou deixa-los, sombras contra as paredes
Escoar em verso livre, no dedilhado corredio
Do calar-se...
Bruno Borin