Como estarão os Gerânios
na viva distorção da memória;
Do passado, cheio de inícios
E de uma fantasiosa glória?
Será que a crepuscular Verdade
Os atingiu, alguma sórdida vez?
Monarca da crua realidade
Pena e cruz se misturam em palidez
Fotossintetizando a culpa entre as folhas
No lamacento jardim, maior que o mundo
Dono do escapismo, belo poço-sem-fundo
Onde descia a vida do horizonte da escolha
E nada se restringia ao que é, consignatários
De suas fecundações, vida e morte permutam
Concepções imprevistas e assim se costuram
Os lapsos de tempo entre estes arrematários
Que luzem despercebidos, anagramas
Compostos, com os verbos da vida
E os símbolos do amanhã perseguido.
Incautas são as introspecções; em panoramas
Transfigurados por nossos olhares velados
Versando sobre esta ignota melodia
Que não passa do vislumbre de uma maresia:
Insignificantes marés de verdades fechadas.
No brotar de uns Gerânios quaisquer
Vistos de uma janela, nas passagens
Entre um céu imane, sem fundo, a esvaecer
Na memória de tantas vistas paisagens...
Como estarão estes Gerânios
na pulsante distorção da poesia;
Floridos, cheios de inícios
E de uma fantasiosa teoria?
By: Bruno
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