Não vou cantar a doce sombra dos jasmineiros
E o voo incoerente das andorinhas;
A lembrança dos chamamentos alvissareiros
É maior do que a rapsódia indiferente das vinhas
E o céu medieval de onde me escapam as rimas
Permite que eu me valha da fúria das epopéias
Para relatar o cotidiano exilado de uma época
Fixada no revoar das pombas e das paisagens ignoradas,
Fustigadas pelo olhar maquinal e utilitarista
Que ao mesmo tempo redime e satiriza
As memórias em alardes confeccionados...
Não vou cantar a sagração das perfeições
Que arfam veleidades de um apodrecido Parnaso;
Uma vez que nasci para parar no meio de uma ode,
Porque minha eternidade não tem prazo
E no ar que respiro, explode
A rítmica sensação de urbanidade
Que procuro na minha linguagem.
By: Bruno
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