I
Vagos traços desenhados
Plangentes delineios das experiências
Na epiderme bordadas.
Eternais penitências
Impostas aos vultos magoados
N'alma de seda, costuradas.
Ondulante e palpitante infecção
Profunda e temerosa chaga
Visão que o abismo generosamente afaga.
Negros acordes cortados pelo vento
Da saudade e do entristecimento
Bramido do torvo soluço da redenção.
Flamantes convulsões, intermitentes
Taquicardias, sob lágrimas secretas
E blasfêmias inconvenientes.
Transfigurados vultos perniciosos
Das lembranças negadas
E dos santos sem culto, nos calvários ociosos;
A espera de padecerem sozinhos
Suspirosos, inconscientes
Mas ainda sim, tão sanguineamente oniscientes,
Enquanto vós sois condecorados,
Tantos peitos divinamente dilacerados
E humanamente revoltosos,
Com a situação compungida do onirismo
Que já não mais tem fome de existir,
Pois já não sabemos mais encorporar o lirismo
Como se deve, de forma a ajeitar a alma na voz das mãos
E afrouxar a costura epidermítica da solidão
Nas bromélias e regaços dos ouvidos alheios
É no errar dos maliciosos signos
No soluçar das desesperançosas hipocondrias
Dos portadores de pavorosas melancolias,
Que há o aprendizado esquecido
Decantado na brancura de suas ossadas
Unidos à arrepios tumbantes e amortecidos...
II
Alma! Não chorai o ocaso
Buquê cujas raízes rebentam o vaso
Teu cálice é o bordado do agora
Onde a loucura delineia sua mora
Segue descrevendo os neblinamentos
Enquanto o loop descreve sua curvatura
E as garras trementes do mental desfiguramento
Vão propiciando suas atinentes inspiraturas
Traduz tu a mumificada lágrima no vocábulo
Como a pata que raspa o solo do estábulo
Do corcéu indomado que te percorre a dor
E desfere o acre sabor dessa cancerosa flor!
III
Feliz é o coração que perscruta
Sua lasciva e languente labuta
Burburinho por vezes manso e latente
Das bipolaridades que é condenado e; sente
Porque é na melodia proscrita e esquiva
Das estrelas mortas e esguias
Que se refugiaram os coágulos místicos
E os vinhos consoladores e tísicos;
Cristalizando a mortalha sudarística
Da bússola desnorteadora da ignobe
Vaidade que assume a forma tão torpe
Da somatória das veleidades mundanas
Residindo em sutis e prolíficos olhos cegos
E em olfatos mudos como córregos
Aflorando ramagens estranhamente ufanas...
By: Bruno
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