Uma pétala que cai
É como um papel que se rasga
O vento a carrega
Mas sua cor não sai
A tinta também se rompe
Porém não se desgasta
Apenas se separa
Mas não se corrompe
Ao cair da noite, eu me hospedo
Em meu próprio coração
Numa aldeia em meio a grandes rochedos
Ouvindo o soluçar da fibrose, medito
Aqui a lua não parece tão brilhante
Quanto a que eu vi por baixo de suas pupilas
Aqui chove por toda a parte, incessante
Mas os brotos de acácia ainda jubilam
Volto para o céu, meus suspiros
A quietude que adeja à torrente
Dói a vista, mas a faz sorridente
Fenecendo a rutilância branca deste delírio
Uma pétala que cai
É como o sal das lágrimas
É um eco que nunca se esvai.
By: Bruno