Talvez eu deva procurar olhos como os meus
Em alguma primavera qualquer
Quando as florações já desbotadas
Estarão cobertas pelo crepúsculo
Acostumadas com a imperícia do meu coração...
Segurando as mãos das noites sentimentais
Me vejo conduzido a procurar olhos como os meus
Porque minha alma é triste como o sino solitário
De uma catedral distante, há muito esquecida...
Não é verdade que o amor é cego
Porque mesmo turvo, aprecia o despertar
Dos botões de cerejas, maçãs, laranjas
Até mesmo das horrendas raflésias
Selecionando com muito cuidado as estrelas
Para as quais direcionar os desejos mais profundos...
Talvez eu deva embarcar em um trem sem muitos passageiros
Selecionar um vagão bem acolhedor e sentar em uma cadeira para a janela
Perder-me olhando para o futuro transpassando o presente aéreamente
Encontrar-me entre visões de cabeleiras que desembarcam estações afora
Quebrando estas visões em pedaços de paisagens lembradas...
Talvez eu deva aprender mais sobre os castelos da antiguidade
Afinal, estão neles, por excelência, os sonhos de grandiosidade
Ou talvez eu deva também observar mais a natureza e seus viventes
Afinal está nela todo o desejo opiáceo de imortalidade orgânica do homem...
Talvez eu deva dar-me mais palavras, pois estas já não comportam minhas alucinações
Mesmo elas sendo simples cenas, acometem horrores estilhaçados em meu coração
Talvez eu deva procurar olhos como os meus
Olhos que acolham sem remorso a desordem do meu espírito
E assim eu não me sinta tão pesado quanto esta tormenta que chove morna e inconstante
Na minha solidão....
By: Bruno
Muito lindo... como sempre!
ResponderExcluirhttp://lapsosdeumamentebipolar.blogspot.com.br/2012/04/desistir.html