Eis que a volúpia me domina novamente
Com olhos mais azuis que o céu bonançoso
Escorrendo por garganta adentro, completamente
O beijo opaco e langoroso
Das piscadelas initerruptas das pálpebras
Que remoem o meu eterno martírio
Apodrecendo em ebriedade os lírios
Sempre florecendo antes das vértebras
Contorcendo-se ao vento sublime
Muito mais do que ossos e flores
Olhos, o meu querido ópio, o meu vício
Os oceanos desejosos de todo precipício
Clamando neles a morte e os condores
E desde então passei de virtude ao crime
Quando meu riso pirado e despótico
Muito bem admitido neste império de loucura
És também teu artifício de diabrura
Tens mesmo de mexer com cabeça tão neurótica?
E como desce das árvores a líquida resina
O amor é a coisa mais pagã que me alucina
Volvendo a face rosada e ébria de poeta
Com o corpo deitado junto a esta coluna inquieta
Procuro incessante, nestas respirações mudas
Tal sonho de quando acordo sozinho e doente
Saindo das tuas pálpebras como dois poentes
Minhas movediças areias azuis desnudas
Estes olhos que sempre hão de me alucinar
Por mais que eu definhe
Ainda são umas benesses a me iluminar!
By: Bruno
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