terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Envenenamento
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O Monólogo Decadente
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
A um fantasma
domingo, 15 de janeiro de 2012
Noite de loucura
Deito-me no chão, coluna ereta, joelhos arqueando as pernas como normalmente. Afagando a figura imponente do móvel, vista tão de baixo como uma formiga vê o passarinho a pegá-la com o bico, embriago-me, desta visão de insignificância e morte. Observando doentemente o amarelo da lâmpada, reparo que estou perto da desistência. Eu sou escravo do batismo que não completei. Tentado a destruir toda moralidade, com qualquer coisa que abrevie a vida. Faço pouco em lamentar as dores do mundo enquanto as minhas próprias, aumentam a agonia que me levam aos vermes que me devoram os princípios. O meu sono só é perfeito no ninho infernal das chamas azuis. E então resolvo colocar-me neste par de roupas que, lá fora, me prendem no mundo de telas dos humanos, prosseguir, ver em cada rosto a essência do que eu não tenho, ver ao trotar dos lentos passos o repuxo dos sentimentos que me desprezariam se eu permitisse. Noto que no pousar de cada palavra, no mexer de cada perna, não há sinal aparente de loucura, ou de apenas um sonho. O terror vinha, o normal vinha também. Sinto, neste arco-íris arredio, a sensação da modernidade, sinto também, como se eu fosse uma mancha cinza no colorido deste arrebol.
Por mais que eu invente o alfabeto do vasto vazio, não há cor acessível para determinar que haja um verbo poético, para cada desconsolo que há nesta dor de acordar cansado, sonolento, desanimado. É de fato uma alucinação bem simples, acordar sem vontade de ver qualquer luz, especialmente a do sol, aquele langoroso retardamento que inicia uma vontade intrépida de ver as pessoas, ver o movimento e se agradar com a vida pouco rítmica das pessoas que longe dos pássaros, das árvores, não conseguem se acostumar com a modernidade, precisando ser ajudadas para apertar um patético botão que as deveria ajudar infinitamente.
Por isso eu sinto sede. Sede da minha pequena consolação. O mais próximo passo entre a tímida felicidade que me invade o corpo afogando esta solidão, embora me deixando mais sozinho do que um terreiro queimado para plantio. O ardente general que em seu avião me bombardeia com explosões de sensações que certamente contrariam o tédio descomunal de um cotidiano de dormir e comer. A fraqueza do cérebro não vai interromper esta fatalidade da alegria, que um dia há de acontecer...
By: Bruno; Delírio
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Sonho
sábado, 7 de janeiro de 2012
Mais olhos azuis
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Os olhos que leem
Atenciosamente lendo algo que não consegui identificar, delicados olhos escondidos formaram aos poucos uma incógnita em minha alma. Um par de lentes escuras e uma gentil voz que cedeu o lugar me foram certamente um tanto afáveis. Na primeira oportunidade, sentou-se de novo e suas pequenas mãos que remexiam no livro eram seguidas por braços pelos quais apenas um era banhado por uma tatuagem que o rodeava todo, dotando-o de uma monocromática que enchia meus olhos. Rapidamente considerei esta mais uma de poucas visões realmente agradáveis desta monotonia e tédio. Preciso urgentemente refiná-la até se tornar um efêmero retrato e assim arquivá-lo na memória. Do contrário apenas se tornaria mais um abrasivo lamurio, desses que nos corrompem e nos partem em saudade, nos obrigando a sermos eternos pedintes destas e daquelas presenças que somem em multidões, jamais retornando para o alcance dos nossos sonhos...
By: Bruno: Visões do metrô.
A cabeleira
O balouçar impaciente daquela coxa, refletido em meus olhos era peculiar. Eu poria o mundo naquela cabeleira encaracolada, o meu mundo. Todas as voluptuosas projeções oníricas estão ali. Bem como minhas mãos e palavras, portanto é preciso manejar esta visão com cuidado para que não borre e estrague a jovialidade contida ali. Porque a única jovialidade que o tempo não consegue cravar suas garras e espetos é a que se encontra retida nas memórias e nos sonhos. E é curioso como as visões são perfeitamente apagáveis, na medida em que nos apegamos a elas, mais tememos que se percam, maior é o risco de deformá-las, confirmando a ideia de que nada é seguro neste mundo. Todas as projeções tem a ideia de perda.
...Será que ainda resta algo que não caminha para o esquecimento?
By: Bruno: Visões do metrô