Eu parti da pátria de palavras,
Deixei meu castelo imaginário:
Em um pequeno barco sem velas,
Sem bússola, orientado apenas
Pelo ruído luminoso das estrelas
Sem qualquer saudade das areias,
Onde morri vazio e esquecido;
Envenenado com a verdade.
Havia a solidão da prece
A me esconder do marulho
Das ondas revoltas;
Na tentativa de quebrantar
A queimadura das anémonas
Em minha pele recém imersa
Busquei-me nos coloridos corais
e nas espumas tonteantes
Para evitar os meus desertos,
Densos de chacais a devorar
Os meus silêncios e laivar
De rubro, o mármore do meu altar.
Naveguei esculpindo meu destino
Com os gestos de vida que recolhi
Nas poucas pétalas de imanência
De minhas jovens primaveras
Foi quando avistei uma nova terra
De extensão tão infinita quanto
Uma doce constelação desconhecida,
Como se os búzios revelassem os sons
Do primeiro oceano de um planeta
Aportei em uma exuberante floresta
Cujos tons se iluminam com ideais,
Florescendo de seu delicado desenho:
Aqui, neste espaço de pura luz
O tempo se dilui gracioso
Eis que, apaixonadamente me encontrei
Em liberdade.
Bruno Borin Boccia