sábado, 15 de agosto de 2015

Sinagoga


Nos sinos do campanário,
Sepulto resta o horário
Enquanto o estribilho,
Dualiza seu vago brilho

Entre o carinho da rima
E o bradar da dualidade;
Entre ferida e vindima,
Quando ambos, mocidade

Representam, nas distâncias
E nas aproximações, sejam
Puras ou sujas, não referenciam
Mais à escansão, onde revelam

As verves que as impulsionam;
Impossível declarar quão razo
Pode-se mergulhar, quando alavancam
Os dramas para o escândalo...

Assim abstrato, como as mutações
Do sonho, e de tudo aquilo 
Que não combina com esquilo.
Já que pelo ou pluma, são abjeções

Impedidas de derreter, como os poetas
Ou os admirados icebergs
Que emergem sem qualquer albergue,
Que abrigasse a tantos planetas

Dissolvidos neste viver sem plano,
Nesta lide sem conciliação,
Já que insepulta, a paixão
Perdura como um ritual profano

Necessário para manter-se 
Nesta era dos prazeres mundanos,
Como o império Otomano 
Sigamos, então, enterrando o perder-se

Nas culturas do Outro até juntar
Tantos deuses que, sem contar
Mil novenas, já livres a profanar,
Juntam mais de mil altares a rezar

Sem nunca culto proclamar;
Sem ritual próprio ou reza,
O clamor certamente medra,
Nas mesas, nas cervejas a brindar!

Bruno Borin

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