Desprovida de paisagens, a fronteira
Que me separa tem sabor de aurora,
Lá, onde as cores todas corroboram,
A perda do sentido se aviva à maneira
Dos horizontes cingidos pela Amoreira
Cuja extensão dos galhos dolentemente
Reinam hoje sobre as luas de Cereja
À amortecer os sentimentos docemente.
Fácil é me bastar de seus infestos frutos
Que me retornam a um eu mais fantástico
Mesmo que lá os sorrisos sejam plásticos
E a vontade negada em seu salvo-conduto!
O luar erra em minha vida, ao despejar
Seus escuros; o sonho gravado de ouro,
Contra a vida pendendo de único grafar;
Redigir nela as efígies do meu calabouço!
Carregando pequenas ermidas sem altar
Como gotas de um fogo incensório
Nas minhas azáfamas sem repertório
Comungo das razões da dúvida a clamar,
Com medo das cinzas brasentas dos amarantos
Medrarem os estios da alma, peço e peco
Com o volume de meus vocábulos amarrados
Jurando que minha medida é meu começo...
E qual se me levasse, todo este mágico levante
À sombra da Frondosa Amoreira, cromatiza
Enfim a vida que povoa meu interior e enfatiza
Que busco a apreciação de meu desejo errante!
Bruno Borin