Estalando na noite clarões eufóricos
Deslumbrantes arrepios fustigavam o olhar
Rompendo a calmaria e acossando o alvorecer
Carbonando a madeira com sons meramente alegóricos
Laivando o ambiente asmático lentamente
Com pequenos coágulos histéricos
Dotando a lua de um escarlate quimérico
E engrandecendo a loucura abruptamente
Tal qual furiosos murmúrios tempestivos
É esta, a manifestação rubra de uma mania absurda
Versificada em uma revolta deliriosa e surda
Furtando-me as melancolias e os lamúrios lesivos
Os horrores das labaredas são mais doces que mel
Mesclam sua algazarra ao meu devaneio em eternos redemoinhos
Desmoronando os hipocampos em irrefutáveis pergaminhos
Construindo com esta loucura uma libertina babel
E é na flama que os sentidos tornam-se mais luminosos
Arrebatando a míriade anciã de fadas mais puras
A inocência morre neste Tejo de emoções nascituras
Tecendo inconsequentemente as ações mais aleivosas
A chaminé ornada com uma áspera liberdade
Espalha no teto macio uma floração leprosa de carbonos
O fogo é magia austera a apresentar-se para Chronos
Rompendo com a metafísica subconsciente da realidade
O fogo cujos soluços místicos apaziguam minhas endemias
Remaneja as formas iridescentes da paisagem soturna
E tenho respirado por estes anos o odor incensório desta furna
Que revira em meu âmago na forma destas manias
A combustão motivada se dá aos prantos da lenha agônica
Crepitante recordação, esta no momento da escrita
Vertendo ao espírito a vontade ilícita
De uma das minhas maldições afônicas!
By: Bruno
Chronos: Personificação do Tempo na mitologia grega, também reverenciado como Saturno.