Sendo levado embora de minhas visões
Pela irreal certeza de minha inconstância
Sigo manchado em todas as instâncias
Por arrebentar sempre, a costura das ilusões
Ao deitar, na metafísica tentativa
Da equinocial imaginação
Fito feições que me derivam
Nos gestos gentis da ficção
Que não costuram com seu véu
A coleção de outros que me compõem
Com múltiplas linhas e bordados, cisões,
Alinhavando outonos e invernos neste céu
Divisando-me por ruas vastas e ínvias
Feitas de desfolhados futuros
D'onde saudades perfazem muros
Mesclando no reboque, as vigas
De pretéritos e futuros, produtos incertos
Tirados dos ponteiros da eternidade,
Solitários caminhos da vivacidade;
Sentidos a cada passo, arcaicos e hirtos
Em sesmarias de gestos, agulha e linha, bramindo,
Desvendam o terreno de minhas mudas cores
Osso e corola, perfurados pelo espinho dos langores
Do vento, seguem este panorama canoro, definindo
Fantasias de carne e tramas de cetim
Puras e brutas, sem espaço para estratégias
Que, por mais coloridas e egrégias
Não duram até, da noite, seu inesperado fim
Mesmo assim eternizadas fincam, deveras
Memórias em minha pele, ladrilhando,
Como imagens vivas, as vidas inúmeras
Da minha imaginação reverberando...
By: Bruno
Nenhum comentário:
Postar um comentário