Meu coração está borrado
Desaprendeu a ler a cor do céu,
Perdido no sintoma tresloucado:
Um Acorde fazendo escarcéu!
Eu não sei ler esta partitura!
Maldita hora de não saber
A configuração da agrura:
Essas correntes a me tolher.
Posso apodrecer agora mesmo,
Sem nem acontecer nada!
A lua assistirá esse pesar a esmo,
Como se ouvisse uma tocatta
Não posso nem consigo dormir
Para não querer trocar o real
Pelos meus sonhos de não existir:
Preso entre meu ideal e o ritual,
Que transfigura tudo que aprendi
Onde não sobra um valor sequer
Não sei dizer adeus em guarani
A tudo que gostaria de defender
Mal deste mundo que tudo quebra.
Muda, também germina a podridão;
Escurecido está o jardim e a gleba
E eu não quero participar desta infecção!
Onde lograremos como Lídia e Caeiro,
Se o céu e a terra apagam-se da vista,
Tornam-se fantasmas num formigueiro;
Quando já se tem como perdida a conquista?
Onde se compra a máscara dos dias gastos?
Em qual lugar o vento leva os mil cansaços?
Quero descansar meus secos caules lassos
Na nostalgia das ondas e dos calmos pastos...
Bruno Borin Boccia