Hypnos que os dias sequestra
E das noites reparadoras poupa
Meu ser cujo corpo pende absorto
E minha mente lassa não medra,
No sombrio cenário de um horto;
Longe das marmóreas instalações
Os sonhos desvanecem no álamo
De longas madrugadas esgazeadas;
Enquanto tu habitas as hibernações
Umbráticas, povoa as letargias aladas...
Este corpo que te oferece uma oração
Transita alheio do sono e seus mistérios
E tu que deténs este místico cemitério
Jamais a mim concedeu uma soltura
Que me despontasse fora desta prisão!
Então resta ofertar a lucidez à alvorada
E ter na tessitura dos versos uma utopia:
No lirismo embalar a alma cansada,
Enquanto desfrutas tu da madrugada:
Deixa que eu seja o bardo dos deuses
Tão esquecidos como o sou, para o teu sono.
Bruno Borin Boccia