Algumas de minhas poesias estão amadurecendo
Ainda não é tempo de colhê-las de seus galhos
E dá-las a este mundo falho
Para que ele não continue apodrecendo
Mesmo que algumas folhas amarelem
E caiam, a fotossíntese nunca para
Porque os acontecimentos que a propelem
Levados são ao alento do acaso que sempre dispara
A nível celular, os meristemas poéticos
Da mitose das palavras e dos crescentes
Assuntos, e, as vezes dispermáticos
Como os meus vários sóis poentes
Minhas visões, destroçadas
Como os tronos dos reis,
Depostos por suas próprias leis
Imploram tão alvoroçadas
Por um lugar maior na minha sanidade
Alimentadas pela minha irritada vaidade
Que ainda não decorou a hermenêutica da loucura
Que me quer com tanta diabrura!
E a imagem gasta que tenho do céu,
Proveniente dos meus olhos sóbrios
Quase não tem lembrança minha, que ao léu
Das minhas madrugadas vivia sem ódio
E agora, colhendo o orvalho versicular
Que deitou-se nas minhas folhas
Observo uma pequena Rolha
Que agora voa de forma circular
Na minha cheia cabeça...
Gosto do céu bem nublado,
Pois só as mais tenebrosas tempestades
Entendem como é selvagem
O clima aqui dentro deste templo tombado
E só o sol sabe o quanto eu fujo da claridade
Mas em dias de vento forte
É mais difícil atear fogo
E é só o fogo me dá a euforia
De esquecer e ir embora logo,
O fogo é meu eterno passaporte
Para a ardente metafísica
Da arquitetura aurórica
Das sonoras labaredas,
Remédio infernal e opórico
Para os paranóicos em astrofísica!
E entre os bocejos dos deuses
Percebo o riso de segundos
Refletidos no lugar mais fundo
Dos meus próprios olhos
Que eu sei que um dia serão seus
Quando lerem neste poema a conciliação
Dos orientes da minha realidade
Que, com toda possível crueldade
Despeja em suas mentes, a minha rústica constelação!
E então eu pergunto as horas
A uma aranha que passa quietamente na parede,
E inesperadamente ela me grita:
– É hora de parar!
By: Bruno