quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Raw fish salad


A whispering of despair corrodes the heart
Of who says it...

The sound of the death seems too complacent
Wanting us to be ourselves in the last minute

It's so uselless this will of existence
Tearing apart any scream of help

Because when everyone's trying so hard to loose
Someone is all alone trying to run into some light


So in this tragicity... The rivers flows in so deeply peace
While the moon seems to be so wistful about the times of wild winds...

And when the river shows itself more pitifull
Demons are created to be our dreadful devours

Whith bitter tears they walk
When we so quietly fish

Without ever knowing this terrible fate...

By: Bruno

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O riso dos deuses



O vento errante levanta nas horas mágicas da noite
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha
Como uma força invisível a impor o seu desejo sobre a Terra
Antes que mentes que fingem consciência procurem significados diversos
Antes que examinem a elegância secreta dos atos soturnos da noite
Em um tão remoto antes que talvez achem isto tudo um absurdo inexistente
Mas ainda em um antes indefinido
Num sentimento inexpresso
Longe de caminhos e de metas senão a de errar
Numa lucidez sufocada por um riso escarnioso

E o som não é de vento! É apenas um som abstrato
Sem verbalismos;
 E sem verbalismos sobre a cor da poeira também,
Pois só o que corresponde a algo humano ali é desassossego
Nada foi sentido, nenhuma imagem foi arremessada aos olhos senão aos da noite!
Nada foi ouvido senão somente pelos ouvidos da noite!
Ó experiências sensoriais engolidas pela imensa ausência da noite!
Num só antes! Um Difuso, profuso, inexorável e imponderável antes!
Ó concupiscência inorgânica e arfante daquelas horas, tão efêmera!

Me disseram que todos perderam uma bela peça de estética sublime!
Também me disseram fatuidades sem propósitos, traços amórficos...
Dizeres irrecordáveis sob a luz cansativa da alvorada

Me disseram com vozes vagamente oscilantes
Como se seus sussurros se empilhassem em meus ouvidos
Pouco antes de abrir os olhos;
 Como se não pudessem controlar o desejo de contar
A alguém, alguém que também pertencesse a uma irrealidade latente
Alguém que já ouviu falar das assombrosas horas da noite

Horas impertencentes à qualquer memória senão a da própria noite!
E embora ela seja abstrata demais para apreciar tal diletantismo
Eu prefiro acreditar que ela ficou espantada com essa surpresa!

E sabendo disso, vertendo-se em apenas lumes azuis rodopiantes,
Os Deuses riem num misto de escárnio e tédio...    E sopram...

By: Bruno

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

À tua caveira, Villon!


Para o início desta subversiva cançoneta
Enchi o salão com centenas de deploráveis figuras
Ordenei então o tilintar das taças e a mudança de posturas
Posto que vossa alcova é tão fútil quanto o girar da maçaneta

Sob os tetos abobadados impregnados do fumo e do bom vinho
Escutai atentamente o entoar infame que prossegue em vossos crânios
O alento fresco do desespero a sentar nas pálpebras orvalhadas dos gerânios
Edifica a solenidade daquela taciturna noite e eis que um nome eu vos sublinho:

Villon e seus enforcados... O primeiro maldito!
Mas vos pouparei da macilenta dramaturgia, não há surpresas afinal
Somente o espanto causado por tamanha sensibilidade na rima medieval
Do gênio que assumiu a forma marginal e odienta que vos digo!

O Deus da loucura será reverenciado, afundando suas garras
Ensanguentadas em vosso coração que emite um grito sem terror
Enquanto soluça as poucas memórias boas, como todo bom aliciador
Depositando todo o rancor e as coisas ruins em pequenas jarras

Para o sacrifício onde a pureza será rejeitada em nome do sagrado alimento
Na única gota de sangue a escorrer do dedo perfurado
Como a lágrima que se despreende do olho cobiçado
Os sussurros só serão apreciados se acompanhados do tormento

Que vos prende devidamente com promessas e lábios quentes
Deturpando o bom senso que um dia houve de ser ajuda
E hoje, figura como um empecilho aos desejos languentes

Alimento este, que se faz ainda necessário
Para as poucas almas que dela tiram sua existência
Seletas almas, que se abstém de seus calvários

Pois ao se perderem, encontram-se
Em paradoxal eternidade
Em nuances do vórtex onírico fazem-se
Imorais imortais, maculados e iluminados

Que queixam-se de flutuar ainda presentes no mundo
Queixam-se de serem pinceladas bruscas em nuances claras
De quadros compostos de artérias retalhadas por cimitarras
E seus olhos são somente ouvidos pelo silêncio mais fundo

Ah Villon... também lamento os tempos idos
Mas não empedeço pelas moças dos corações partidos
Aquelas para as quais todo amor é temeroso
E por sequência todo arrependimento se mostra insidioso

Mesmo que a sua figura não me inspire a descer ao mais baixo
Me concede o entendimento das mentiras do frio lago do esquecimento
Embora a visão de corpos azuis apodrecendo

Seja pesada demais para a minha débil resistência
Eu compreendo a beleza que há nessa queda inevitável
No entanto, a combustão das pétalas destas asas é imutável
Exatamente como a árvore que começa a ressecar pelo alto, segundo minha ciência

Configurando uma desfolhagem com uma ligeira torção do corpo
Causando uma impressão tão mórbida da realidade já morta
E mesmo na escuridade das ideias tortas

Há beleza e sensibilidade nestes escândalos da alma;
Nos pactos mais imorais e nas vidências mais fantásticas
E eu me pergunto, até onde vai esta vã inquisição onomástica?

E daí que se suceda o pior?
C'est la vie, não?

Anda em mim o seu testamento, sem rubor
O meu pensamento sobre seu Epitáfio:

 "Repousa e dorme aqui neste lugar
Alguém que com flechada o amor matou
Um bem pequeno e mísero escolar:
François Villon foi como se chamou
Nunca ele terra alguma desfrutou
Mesas e cavaletes, pães e cestinhos
Ninguém o ignora, tudo ele doou
Companheiros, dizei estes versinhos:"

Andei errando por funestas estradas
Eu, paisagem fustigada
Na solidão abandonada

Por toda a parte a rir o incêndio
Em pleno e soturno silêncio
Debaixo de uma pura visão celeste.

By: Bruno

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Inesperado


    Há encontros delineados especialmente pelo destino, para nos pôr a pensar. Enquanto havia rostos com expressões diversas, a que era reservada a mim, era a curiosidade por um discurso singular, promovido por quem depois eu descobriria ser um coronel aposentado, pelo qual eu manifestei interesse por palavras tão conectadas à sua experiência pessoal de vida. E conforme o tempo caminhava sozinho a completar a nossa estadia no mercado, na fila de um caixa, de modo inesperado continuamos a conversar. Se mostrando um homem religioso, aquele ser cativou a minha simpatia. E neste momento, invadiu meu corpo uma sensação de gratidão, por ainda não ser orgulhoso ou cético demais. Porque mesmo respondendo não ser muito religioso a ele, ele continuou seu discurso, confirmando a possibilidade de um aprendizado valioso com aquela situação um tanto inusitada.
    E enquanto as demais filas daquele mercado fluíam a nossa conversa paralisava o tempo, nos deixando separados da fluidez moral da qual o mesmo tempo que recaía sobre nós, aguardava o momento certo para ceifar a vida daqueles mais próximos à luz que nós. Aqueles conhecimentos que não convém compartilhar com quem possivelmente ler, fortaleceram minha alma, e vendo serenamente aquela conversa, confesso que senti um sofrimento idêntico ao da alegria de conhecer uma das poucas pessoas que ainda conservam em si uma sensibilidade anormal, uma orientação exclusiva de notar o que nossas próprias trevas tratam de esconder de nós mesmos. Como quando alguém descobre que as sombras das árvores podem proporcionar um abrigo seguro.      

By: Bruno

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Colocarei até a ortografia nas mãos do carrasco,
Pois há um belo retrato a ser feito
Nas bruscas interrupções do pretérito imperfeito

Que nasce de um raciocínio falso
Pretenso e orgulhoso sobre si mesmo
Do animal idólatra construindo a esmo

A idolatria de um amor que é subtraído
Estúpidamente das coisas essenciais
E distribuído entre as criaturas banais

É possível que as anedotas da virtude
Ao beijar uma nuvem
Prejudiquem o ser e o tornem rude

Soletrando internamente o egoísmo
Dignificando o imoralismo do frenesi cotidiano
Até sentir intensamente o amargor do engano

Até que o único traço da personalidade
Seja o sangue evaporado
E uma alma não muito elevada.

E este é o retrato: a natureza pela natureza
Vértebra por vértebra, instinto fluido
Processo findo, decisão proferida.

By: Bruno

sábado, 4 de agosto de 2012

Spleen


Começando a fantasiar múltiplos cenários
Usando as duas mãos inseguramente
Enquanto deslizo suavemente
Por dedos magros de um universo pequenino
Meu coração para, entre uma batida ou duas
Respirando grandes goles de olhos que me abandonarão
Ao acordar, me dividindo em um punhado de nomes
Que se dissolverão rápidamente quando o sol aturdido
Tentar ouvir uma de minhas inúmeras histórias
Mas raramente apareço em sua presença
Tendo ele, apenas que se contentar com minha lembrança
Em suas manchas solares tão horripilantes
Mas enquanto os desejos das minhas pestanas ardidas fracassam
Procuro na maciez da escuridão, palavras que adociquem o significado
De uma queda abrupta mas tão inevitável quanto uma piscadela
Piscadela essa, que imita o gotejar orvalhado que se prende às folhas
Nos meses em que as chuvas delineiam um misto de desespero e salvação
No pequeno firmamento ecossistêmico dos insetos de uma fauna desesperançada
Despedaçada a cada dia por braços que deviam acolher e não condenar
E é assim, eu vejo uma velha árvore onde só há o resquício de seu tronco
Um arbusto onde é hoje um gramado pisoteado
Uma folha de relva onde só há cimento
Mas não vejo mais flores no asfalto
Acredito que estas já estão desistindo, não querem mais toda essa desilusão para si
E não há mais o que se argumentar
O perdão não é mais cobrado, é enfeitado
Enfeitado de irreversibilidade.

By: Bruno